Vigotski e o aprender a aprender
Como o título indica, o livro Vigotski e o "aprender a aprender": crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana se propõe a analisar a incorporação da obra do psicólogo Lev Semenovich Vigotski (1896-1934) ao universo ideológico neoliberal e pós-moderno e sua conseqüente desvinculação da matriz teórica marxista.
Segundo o livro, este processo ocorre através da aproximação da teoria vigotskiana a dois ideários externos - e opostos - à mesma: de um lado, a pedagogia do "aprender a aprender", oriunda da concepção psicológica e epistemológica construtivista de Piaget; e, de outro, o relativismo culturalista, centrado nas interações lingüísticas intersubjetivas e representado especialmente pelo neopragmaticismo de Putnam e Rorty.
Para Duarte, o lema "aprender a aprender" é um representante das pedagogias que retiram da escola a tarefa de transmissão do conhecimento social objetivo. Esta concepção pedagógica se aproxima - e até se confunde - com o pós-moderno, pois, para este último, de forma semelhante aos ideários construtivistas, o conhecimento estaria centrado nas estruturas de percepção e ação do sujeito e na sua capacidade de se adaptar a novos ambientes.
Assim, a equivalência entre o pensamento vigotskiano e o ideário do "aprender a aprender" tem como conseqüência a transformação do primeiro em um instrumento útil para o esvaziamento do processo educacional escolar, cuja importância e centralidade são postas à prova exatamente pelo ideário pós-moderno. Por este caminho, Duarte demonstra uma questão central em sua investigação: a aproximação de Vigotski aos ideários pedagógicos do "aprender a aprender" implica uma apropriação deste estudioso ao pós-moderno e ao neoliberalismo.
Quanto à segunda questão, o autor inicia a discussão observando que o relativismo