Psicologia jurídica
Nº 8, Ano IV, Maio de 2008 - Publicação semestral – ISSN 1981-061X.
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES E A EDUCAÇÃO ESCOLAR: UMA LEITURA CRÍTICA A PARTIR DE VIGOTSKI
Marteana Ferreira de Lima[1] Susana Vasconcelos Jimenez[2] Maurilene do Carmo[3]
Resumo Atendo-se particularmente aos trabalhos de Vigotski, o artigo reafirma a importância do resgate da psicologia histórico-cultural a partir de seus fundamentos marxistas, enfatizando a retomada efetuada por Lukács do conceito marxiano de trabalho como o complexo que dá origem ao homem como ser social. Explora, nesse sentido, as funções psicológicas superiores em conexão com suas bases ontológicas, certificando que a perspectiva analítica de Vigotski, anunciada em seu Manuscrito Psicologia Humana Concreta, e desenvolvida mais amplamente em suas Obras Escogidas, supera o caráter unilateral dos estudos então vigentes, para sustentar o caráter social das funções psicológicas superiores, as quais, sem perder de vista sua dimensão natural, são entendidas, em última instância, como o resultado mediado das relações estabelecidas pelos homens no ato de trabalho. Entende-se, aqui, outrossim, que o conjunto das objetivações culturais historicamente produzidas pela humanidade deve ser apropriado por cada indivíduo singular, como condição de seu pleno desenvolvimento como ser partícipe do gênero humano, considerando, tal apropriação como tarefa por excelência do complexo da educação. Reafirma-se, ainda, com base em Vigotski, que a apropriação de conceitos científicos, como, de resto, do conhecimento produzido no curso da história, não se dá espontaneamente, requerendo, para tanto, a ação intencional do adulto sobre o ser mais imaturo. Por esse prisma, contrapõe-se às teorias e modelos pedagógicos avessos ao conhecimento sistematizado, ressaltando a importância desse conhecimento, assim como do papel do professor no processo de desenvolvimento das funções