Descartes - três primeiras meditações
A Primeira Meditação, “Sobre as Coisas que Podem ser Postas em Dúvida”, já começa a responder essa pergunta, quando Descartes expõe sua preocupação quanto a veracidade das coisas que sempre admitira como tal. Como saber se eram verdadeiras ou não? Afirma então que, para se ter certeza de qualquer coisa, é preciso primeiro derrubar suas antigas opiniões, desconstruí-las. E assim começa o cogito, pela desconstrução das bases, dos princípios – já que seria tarefa árdua derrubar uma opinião de cada vez.
Nota que a maior parte das opiniões que considerava verdadeira foram recebidas pelos sentidos, mas não seria prudente confiar nesses, pois já o enganaram antes. Mesmo as sensações que pareciam estar muito certas deveriam ser postas em dúvida, e já não podia afirmar ou não se estava acordado – o sonho também já o havia enganado anteriormente, então não consegue nem mais distinguir vigília de sonho. Mas ao menos admite que aquilo que é concebido no sonho, como as cores e as formas, existem na realidade, porque no sonho nada é tão novo que já não tenha sido visto. Também seriam menos duvidosas as ciências que tratam de coisas gerais, como a Geometria e a Aritmética, em comparação com as que tratam de coisas compostas, como a Física e a Medicina. Mas ao parar para analisar, nota que as primeiras também deveriam ser postas em dúvida, já que existem aqueles que se enganam com coisas que juravam conhecer perfeitamente.
Gradualmente, seu ceticismo vai se radicalizando, chegando, por fim, ao ponto em que não pode em mais nada acreditar. Para conseguir encontrar algo verdadeiro, precisa negar tanto as coisas que já acreditava falsas como as que anteriormente julgava verdadeiras – somente assim, desprovido do perigo das opiniões costumeiras (que podem