Sinopse do filme bicho de sete cabeças
O filme conta a história de Neto, um jovem de classe média baixa, pertencente a uma família totalmente desestruturada, em que os pais descobrem um cigarro de maconha em sua jaqueta e são aconselhados a internar o filho numa instituição psiquiátrica para ajudar no tratamento de reabilitação do vício de drogas. Instituição esta que usava de recursos tortuosos para lidar com os pacientes, fazendo cada vez mais seus internos, sequelados ao longo de suas estadias na clinica. Lá, Neto é submetido a situações abusivas. O filme além de abordar a questão dos abusos feitos pelos hospitais psiquiátricos, também aborda a questão das drogas e a relação entre pai e filho.
Percebemos a loucura como sinal da desestruturação da vida familiar, da perda de controle dos filhos. Percebemos também certa máquina social, a família patriarcal, funcionando como uma “tecnologia do poder”. Poder que atua diretamente sobre os corpos desse grupo familiar, modelando-os, manipulando-os.
No caso do filme, Neto é o paciente desse poder exercido por seu pai, que funciona como máquina controladora. O cigarro de maconha no bolso do filho mostra ao pai uma realidade que ele não queria ver, pois revela que o poder não está sendo exercido como ele o desejaria e mostra que ele já não controla mais seu filho. Essa nova realidade gerou novos questionamentos: o que fazer diante dessa situação? Como continuar exercendo o poder de pai?
A solução encontrada por Wilson, pai de Neto, foi interná-lo em um manicômio, transferindo seu poder a outra máquina controladora: a instituição de saúde mental. Temos o ambiente familiar como local para a perpetuação e a reprodução da moral e dos valores defendidos pela sociedade patriarcal.