Descartes solipsista
1 – Caracterize o ceticismo metódico apresentado por Descartes na primeira Meditação, explicitando em que medida ele atinge o conhecimento do mundo exterior pelos sentidos, o estabelecimento da sua realidade e a concepção do entendimento como capacidade de distinguir o verdadeiro do falso.
O roteiro da 1ª Meditação segue uma cronologia bem definida, nela Descartes vai:
a) Desfazer-se “seriamente” de todas as suas antigas opiniões que segundo ele estavam mal asseguradas e fundadas em princípios de caráter duvidoso;
b) Recomeçar tudo a partir dos fundamentos, que até então eram ensinados nas escolas, para estabelecer novos fundamentos para as ciências que pudessem ser definitivos e sustentados no tempo;
c) Estabelecer a dúvida generalizada, radical, hiperbólica. Não dar crédito algum a qualquer tipo de opinião que possa apresentar o menor resquício de dúvida, é a busca pelo certo e indubitável. Nesse sentido o indubitável surge como um critério de verdade.
Até esse ponto Descartes não está tematizando sobre o que é a verdade, ou mesmo, se é possível obter um critério de verdade, esta apenas radicalizando a dúvida no mais alto grau. O filósofo vai colocar em marcha o processo da dúvida usando o princípio lógico da simplicidade, ou seja, não vai duvidar de todas as opiniões, mesmo porque isso seria desnecessário já que a ruína dos alicerces provoca do desabamento do edifício inteiro, como ele mesmo afirma.
d) Questionar tudo o que nos chega e é depreendido através dos sentidos. É o argumento do erro dos sentidos. “..ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez...” (Os Pensadores, pg. 94 Abril Cultural, 1973).
Na seqüência Descartes usa o famoso argumento do sonho, para demonstrar que muitas vezes sonhamos que estamos em algum lugar, vestidos, quando na verdade estamos nus dentro dos nossos leitos.