As Medita es Metaf sicas
Descartes inicia seu itinerário espiritual com a duvida . Mas é necessário compreender que essa duvida em um outro alcance que a duvida metódica cientista .Descartes duvida voluntária e sistematicamente de tudo ,desde que possa encontrar um argumento por mais frágil que seja .Por conseguinte ,os instrumentos da dúvida nada mais são que os auxiliares psicológicos de uma ascese ,os instrumentos de um verdadeiro exercio espiritual .Duvidemos dos sentidos ,umas vez que ele frequentemente nos enganam ,pois ,diz Descartes ,nunca tenho certeza de estar sonhando ou de estar desperto! Podemos duvidar ate mesmo das próprias evidencias cientificas e das verdades matemáticas .
Existe , porém ,uma coisa de que não posso duvidar ,mesmo que o demônio queira sempre me enganar .Mesmo que tudo o que penso seja falso ,resta a certeza de que eu penso. Nenhum objeto de pensamento resiste á duvida ,mas o próprio
2. ° - Existe, porém, uma coisa de que não posso duvidar, mesmo que o demônio queira sempre me enganar. Mesmo que tudo o que penso seja falso, resta a certeza de que eu penso. Nenhum objeto de pensamento resiste à dúvida, mas o próprio ato de duvidar é indubitável. "Penso, cogito, logo existo, ergo sum". Não é um raciocínio (apesar do logo, do ergo), mas uma intuição, e mais sólida que a do matemático, pois é uma intuição metafísica, metamatemática. Ela trata não de um objeto, mas de um ser. Eu penso, Ego cogito (e o ego, sem aborrecer Brunschvicg, é muito mais que um simples acidente gramatical do verbo cogitare).
O cogito de Descartes, portanto, não é, como já se disse, o ato de nascimento do que, em filosofia, chamamos de idealismo (o sujeito pensante e suas idéias como o fundamento de todo conhecimento), mas a descoberta do domínio ontológico (estes objetos que são as evidências matemáticas remetem a este ser que é meu pensamento).
3. ° - Nesse nível, entretanto, nesse momento de seu itinerário espiritual, Descartes é solipsista.
Ele