Depêndencias
O consumo de substâncias desde sempre acompanhou o desenvolvimento da Humanidade e ao longo da História assumiu uma função na sociedade, nos seus múltiplos aspectos: religioso, científico, estético, hedonista, técnico e militar.
Em culturas antigas, as substâncias representavam o meio através do qual o ser humano preenchia a necessidade de se relacionar com níveis transcendentais da sua existência, remetendo as angústias e vitórias de um povo para essa dimensão. Pode-se dizer que, da antiguidade até ao final da Idade Média, as funções religiosa e médica estavam concentradas na mesma pessoa, que tratava os males do corpo e da alma, apeto que se alterou a partir do momento em que se dá a separação das diferentes ciências, que abordam diferentes dimensões humanas. Os recursos que a natureza deu ao ser Humano (o cânhamo, a papoila, os cogumelos alucinogénios, entre outros) foram sendo utilizados das mais variadas formas para lidar com a doença, com o sofrimento e com a morte. O uso de substâncias também adquire uma função na dimensão estética especialmente a partir do século XVII, nas artes, letras e música. Digamos que, através do uso de substâncias, os artistas conseguiam apreender o infinito, o paraíso artificial, voando para além da sua existência de comuns mortais. Além disso, também não se pode descurar a dimensão hedonista do uso de substâncias, permitindo a experienciação sempre que se deseja obter prazer. Ainda a função que as substâncias desemprenharam a nível militar é presente ao longo da História, com relatos desde a Antiguidade, sendo um dos exemplos paradigmáticos a 2ª Guerra Mundial. Durante este período, algumas das substâncias eram utilizadas como forma de minimizar a dor provocada pelo sofrimento de guerra.
O fenómeno da toxicodependência começou a ser conceptualizado a partir do momento em que o uso de substâncias deixa de ser um meio, um veículo de comunicação e passa a ser um fim, uma necessidade de viver alienado e, por