Depressao estrutura e funcionamento
Coimbra de Matos
Em torno do conceito de Depressão:
A palavra Depressão é, normalmente, associada à tristeza. Diz-se de quem está triste, que está deprimido, tomando, desta forma, a parte pelo todo, um único afecto pelo estado geral do indivíduo. Tal relação é errónea, pois a variação do humor apenas se torna significativa num determinado conjunto de sintomas, caso contrário poderá estar relacionada com outros estados físicos e psiquicos, sem relação com a depressão.
Por outro lado, a depressão ou o estar deprimido, não significa de imediato, que determinada pessoa esteja a sofrer uma perturbação grave da sua estabilidade psicossocial, podendo antes encontrar-se a atravessar um período não só inevitável como necessário à sua evolução normal.
Bowlby sugeriu que a depressão, como estado de espírito ocasionalmente experimentado pela maioria dos indivíduos, é uma consequência inevitável de um momento em que o comportamento se desorganiza, como por exempo na perda, e que resulta da cessação do intercâmbio do indivíduo (em pensamento ou acção) com o mundo que o rodeia, persistindo até ao momento em que consiga estabelecer e organizar novos padrões de intercâmbio em direcção a novos objectos ou objectivos.
O quadro clínico da Depressão, segundo C. Teixeira, é caracterizado por depressão de humor (com sentimentos de tristeza, pesar, irritabilidade mal humorada – particularmente nas depressões que cursam com ansiedade –, apatia, podendo atingir o grau de anestesia afectiva), lentificação psicomotora (a nível psiquico caracteriza-se por inapetência para a acção ou decisão, diminuição da atenção/concentração e da memória, empobrecimento e lentificação do curso ideativo, com conteúdos monotemáticos e aumento do período de latência; ao nível motor, caracteriza-se por hipoactividade e fadiga generalizada e permanentemente, não obstante nos casos de depressão ansiosa se verificar