Democratização do conhecimento
O que levou o homem, a partir de determinado momento de sua história, indagar-se sobre o mundo e fazer filosofia? O nascimento da Filosofia pode ser compreendido como o surgimento de uma nova ordem do pensamento, complementar ao mito, que era a forma de pensar dos gregos. Tudo era explicado a partir dos mitos, assim, a natureza era simplesmente considerada como algo divino. Partindo sempre do pressuposto de que “sempre existiu uma coisa” e por isso não se procura de modo racional conhecer a “real causa” de seus acontecimentos, pois é uma forma de conceber o Cosmos. Tudo isso foi uma visão de mundo que se formou de um conjunto de narrativas contadas de geração em geração por séculos e que transmitiam aos jovens a experiência dos mais velhos. Como narrativas, os mitos falavam de deuses e semideuses (heróis) de outros tempos e, desse modo, misturavam a sabedoria e os procedimentos práticos do trabalho e da vida com a religião e as crenças mais antigas. Nesse contexto, os mitos eram um modo de pensamento essencial à vida da comunidade, ao universo pleno de riquezas e complexidades que constituía a sua experiência. Enquanto narrativa oral, o mito era uma maneira de compreender o mundo que foi sendo construído a cada nova narração. As crenças que eles transmitiam ajudavam a comunidade a criar uma base de compreensão da realidade e um solo firme de certezas. O homem se sente infeliz ao conceber um mundo desordenado, vivendo no caos, sem causas, sem explicação, independentemente de quais sejam elas ou sem algo que justifique os acontecimentos. Por isso, os mitos são enfocados a partir de uma religião politeísta, sem doutrina revelada, sem teoria escrita, isto é, um sistema religioso, sem corpo sacerdotal e sem livro sagrado, apenas concentrada na tradição oral, sendo isso o que se entende por teogonia. Vale ainda ressaltar que essas narrativas foram sistematizadas no século IX por Homero e Hesíodo no século VII a.C. Ao aliar crenças, religião,