Dawkins e o Gene Egoísta
No mundo pré-biótico inicial, pode-se dizer que a primeira forma de seleção natural que ocorreu foi simplesmente uma seleção das moléculas mais estáveis e uma rejeição das mais instáveis. Para que consideremos que a vida tenha surgido aqui na Terra temos que admitir o surgimento de uma molécula replicadora, independente de qual era a atmosfera primitiva existente e qual era a constituição química dessa molécula. Essa molécula teria surgido através da união espontânea de suas unidades constituintes que estariam na sopa primordial e teria a capacidade extraordinária de criar cópias de si mesma.
Logo que essa molécula surgiu, ela deve ter espalhado suas cópias rapidamente pelos mares, até que o número de seus monômeros constituintes livres no meio foi ficando menor. Nessa situação, portanto, nós teríamos uma grande população de réplicas dessa molécula espalhadas pelos mares primitivos. Entretanto, devemos notar que o processo de replicação dessa molécula inicial não era perfeito e que erros eram cometidos e os erros eram cumulativos.
Portanto, num certo momento, o caldo primitivo deve ter sido povoado por variedades de moléculas replicadoras diferentes. As moléculas que se replicavam mais rapidamente, que eram mais estáveis e que produziam menos cópias erradas acabaram por aumentar seu número em relação às outras, ou seja, elas estavam sendo selecionadas, estavam evoluindo!
Na medida então, que os blocos de construção para esses replicadores foram ficando mais escassos, é provável que tenha havido uma competição entre essas moléculas. As cepas de moléculas que eram mais estáveis e se replicavam com maior velocidade e precisão sobreviviam, enquanto as outras cepas aos poucos se extinguiam. Portanto, estava ocorrendo uma verdadeira luta pela sobrevivência entre as linhagens de replicadores.
O processo de melhoramento das moléculas era também cumulativo. Moléculas que eram capazes de aumentar sua estabilidade e de diminuir a