Gene egoista
Pedro Galvão
O Gene Egoísta, de Richard Dawkins
Trad. de Ana Paula Oliveira e Miguel Abreu
Prefácio e revisão científica de António Bracinha Vieira
Gradiva, 1999, 460 págs.
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Richard Dawkins conta-se entre os autores que conciliam uma visão teórica inovadora e profunda com um surpreendente talento de comunicador. Não há muitos assim. Com "O Gene Egoísta", provavelmente o seu livro mais conhecido, Dawkins veio renovar o darwinismo, apresentando-o de um ponto de vista que desafia algumas das noções biológicas mais enraízadas no senso comum.
Quando olhamos para o mundo vivo, parece-nos óbvio, por exemplo, que as suas unidades fundamentais são os organismos. Muitos biólogos pensam da mesma maneira. Entendem a selecção natural como um processo que actua essencialmente ao nível dos organismos, vendo nos genes simples veículos através dos quais estes se reproduzem. Para Dawkins isto é ver as coisas ao contrário.
Na verdade, nós, organismos individuais, somos máquinas de sobrevivência dos genes, somos "robots" cegamente programados pela selecção natural que devem a sua sobrevivência à capacidade para preservar essas moléculas "egoístas", especializadas em imortalizar-se através da criação incessante de cópias de si próprias.
Estranho? O próprio Dawkins admite que ainda não conseguiu habituar-se completamente à ideia, mas a verdade é que a perspectiva de que os genes protagonizam a evolução biológica tem um vasto poder explicativo. "O Gene Egoísta" deixou isso bem claro, tornando-se alvo de uma controvérsia acentuada que continua a decorrer. Há dez anos o livro teve uma segunda edição, substancialmente enriquecida com dois capítulos novos. É essa edição que está agora disponível na colecção Ciência Aberta.
No primeiro dos novos capítulos, Dawkins investiga a relevância do dilema do prisioneiro para a sua teoria. Este dilema, que deve o seu nome ao exemplo que o celebrizou, pode ser apresentado como um jogo em que dois