Da infância à adolescência
O adolescente está entre o que não é mais e o que ainda não é.1
A presente pesquisa versa sobre a transição à adolescência dentro de um contexto em que o sujeito adolescente busca elaborar a passagem da infância à adolescência. Essa passagem coloca o adolescente frente a uma nova situação em que este, se depara com o Outro social. Até então, contava com a referência do Outro parental. Isto é, sustentava-se a partir da referência familiar. Essa sustentação continua presente na passagem à adolescência, pois é o que vem constituindo o sujeito. Porém, abre espaço em sua função sustentadora para permitir que outros valores venham a fazer parte na passagem adolescente à medida que ele for se apropriando dessa nova posição. Esses outros valores competem às novas identificações, aos novos grupos e referências no campo social. Tais valores são capazes de lhe conferir um novo estatuto a partir da entrada nessa nova posição. Na passagem adolescente, o Outro, até então referente ao parental, passa a fazer parte do discurso social transformando-se em Outro social, podendo, a partir disso, ser considerado como referência fundamental ao adolescente. Para o adolescente, encarar essa transição certamente lhe traz questionamentos diante de uma série de conflitos e crises, as quais têm de dar conta diante de sua nova realidade. A pretensão é situar, nesse primeiro momento, a noção de grande Outro visando que se trata de uma pesquisa permeada pelo referencial psicanalítico, lembrando ainda, que esta noção torna-se freqüente na abordagem do tema, visto que, na adolescência a menção ao grande Outro acaba sendo imprescindível.
Quando falamos em grande Outro, acabamos nos remetendo ao Outro parte fundante da cadeia constituinte de cada sujeito, ou seja, o Outro pelo qual nos constituímos sujeitos desejantes. Isso quer dizer que desde o nascimento nos organizamos estruturalmente conforme o