Cultura popular e cultura dominante
73. CULTURA POPULAR E CULTURA DOMINANTE – Carlo Guinzburg
EDUARDO FIREMAN BARROS JÚNIOR
Maceió / AL
Março / 2012
1- INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Guinzburg, Carlo. O Queijo e os Vermes. São Paulo, Companhia das Letras, 1987, p. 234
2-RESUMO
O autor procura analisar a cultura popular a uma categoria erudita. Por que enunciar, no começo de uma conferência, tão abrupta proposição? Ela pretende somente relembrar que os debates em torno da própria definição de cultura popular foram (e são) travados a propósito de um conceito que quer delimitar, caracterizar e nomear práticas que nunca são designadas pelos seus atores como pertencendo à "cultura popular". Produzido como uma categoria erudita destinada a circunscrever e descrever produções e condutas situadas fora da cultura erudita, o conceito de cultura popular tem traduzido, nas suas múltiplas e contraditórias acepções, as relações mantidas pelos intelectuais ocidentais (e, entre eles, osscholars) com uma alteridade cultura ainda mais difícil de ser pensada que a dos mundos "exóticos". Assumindo o risco de simplificar ao extremo, é possível reduzir as inúmeras definições da cultura popular a dois grandes modelos de descrição e interpretação. O primeiro,no intuito de abolir toda forma de etnocentrismo cultural, concebe a cultura popular como um sistema simbólico coerente e autônomo, que funciona segundo uma lógica absolutamente alheia e irredutível à da cultura letrada. O segundo, preocupado em lembrar a existência das relações de dominação que organizam o mundo social, percebe a cultura popular em suas dependências e carências em relação à cultura dos dominantes. Temos, então, de um lado,uma cultura popular que constitui um mundo à parte, encerrado em si mesmo, independente,e, de outro, uma cultura popular inteiramente definida pela sua distância da legitimidade cultural da qual ela é privada. Estes dois modelos de