Cultura em nossa sociedade
Uma das características de muitas das sociedades contemporâneas, inclusive a nossa, é a grande diversificação interna. A diferenciação básica decorre do fato de que a população se posiciona de modos diferentes no processo de produção. Basicamente há setores que são proprietários das fábricas, fazendas, bancos, empresas em geral, e há aqueles que constituem os trabalhadores dessas organizações. Quando se fala sobre classe social é frequentemente a respeito dessa diferenciação que se está fazendo referência. Essas classes sociais têm formas de viver diferentes, enfrentam problemas diferentes na sua vida social.
A diferenciação é, no entanto, mais complexa, pois não se pode dizer que as maneiras de viver sejam homogêneas nem dentro da classe trabalhadora nem dentro da classe proprietária. A realidade social enfrentada por trabalhadores rurais e suas famílias é diferente em muitos aspectos daquela enfrentada pelo operariado dos setores industriais de ponta, ou então dos comerciários. Há diferenças de renda, de estilos de vida, de acesso às instituições públicas tais como escola, hospital, centros de lazer. Da mesma forma, a diversificação acompanha a variedade de paisagens regionais do país. Além do mais, as distinções entre as classes sociais nem sempre são tão nítidas na vida cotidiana como podem ser na definição acima. Isso pode ser exemplificado pelo fato de que as grandes concentrações urbanas costumam registrar uma larga faixa de camadas sociais intermediárias, de limites imprecisos e características variadas, as quais são rotuladas de classes médias.
Estou falando isso para que possamos iniciar uma reflexão sobre como tratar a dimensão cultural em nossa própria sociedade. Se a cultura é dimensão do processo social, ela deverá ser entendida de modo a poder dar conta dessas particularidades. Observem que os parágrafos acima podem ser ainda mais detalhados; basta que aproximemos o foco de nossa atenção do colorido da vida social