cultura organizacional
Cultura Organizacional (CO) e Saúde (SAU) no trabalho são temas discutidos, embora a articulação entre ambos seja escassa, em especial no Brasil (Tamayo, 2004). Além disso, trata-se de áreas do fenômeno organizacional que podem se apresentar, na literatura, de forma complementar ou contraditória. Uma das justificativas para o presente estudo encontra-se em Abrahão & Santos (2004): os estudos que abordam a questão da cultura organizacional e seus reflexos na saúde são ainda incipientes. Portanto, representa um desafio construir uma reflexão sobre a articulação entre essas duas dimensões (p. 209).
Toma-se o conceito de cultura com referência a valores e significados que influenciam o comportamento humano e as práticas organizacionais (Freitas, 1991; Fleury & Fischer, 1996; Tamayo, 2004). O conceito de saúde é considerado na perspectiva dos estudos em psicodinâmica do trabalho (Dejours, 1993, 1995 e 2006; Ferreira & Mendes, 2001; Mendes, 2004 e 2007; Peçanha, 2005 e 2006; Lancman & Sznelwar, 2008; e Godoy & Peçanha, 2009) que se prende à fala dos sujeitos. Pois essa é capaz de expressar suas vivências de prazer e de sofrimento, bem como de explicitar as estratégias utilizadas para lidar com o sofrimento dentro das organizações.
Quanto ao aspecto metodológico, observa-se, na literatura, a opção pela abordagem qualitativa como aquela capaz de oferecer melhores condições de acesso a um conhecimento em CO que vai de manifestações aparentes ou comportamentos explícitos, a um nível mais profundo, psicodinâmico ou inconsciente da organização (Schein, 1993). Contudo, a metodologia quantitativa e métodos mistos ou combinados também são utilizados (Martin, 2001).
Na abordagem qualitativa da pesquisa, a perspectiva clínica no estudo da Cultura Organizacional foi defendida por Schein (1993). Ela interessa ao presente estudo na medida em que este relaciona CO com a dimensão de SAL, vista através dos fundamentos clínicos da psicodinâmica do trabalho. O olhar