Cultura, Estado Novo
Em 1933 o regime desenhou pela primeira vez as linhas e métodos gerais da sua política cultural. Criou o Secretariado de Propaganda Nacional (S.P.N.), chefiado por António Ferro. Esta política durou até ao final dos anos 40 e ficou conhecida como "política do espírito".
Eram três as bases deste programa. A primeira consistia no uso da cultura como meio de propaganda; os movimentos culturais deviam ser orientados no sentido de glorificar o regime e o seu chefe. A segunda foi a tentativa de conciliar as velhas tradições e os antigos valores com a modernidade daquele tempo, articulando uma ideologia nacionalista de nautas, santos e cavaleiros com as ideias modernistas e futuristas de António Ferro e seus parceiros. Em terceiro e último lugar, e tendo em linha de conta o referido anteriormente, o programa cultural do regime procurava estabelecer uma cultura nacional e popular com base nas suas raízes e nos ideais do regime. Em jeito de conclusão, pode dizer-se que a cultura deste tempo pretendia ser simples, de modo a distrair o povo e não o fazer pensar naquilo que, segundo os membros do governo do Estado Novo, não era da sua competência.
Pintores como António Pedro, Almada Negreiros ou Carlos Botelho foram convidados a colaborar, de forma direta ou indireta, nas iniciativas de propaganda do regime. Estes artistas marcaram, com o seu traço modernista, todo o grafismo inovador e original da propaganda oficial. Por todo o país foram erguidas estátuas comemorativas dos heróis e valores enaltecidos pelo regime. Realizaram-se também importantes e imponentes obras públicas. Mas o ponto alto das exposições do S.P.N. foi a Exposição do Mundo Português em 1940, que revelou a nossa cultura ao exterior.
Apesar de dizerem que se deveria conciliar a modernidade com a tradição, a verdade é que os governantes do Estado Novo impuseram algumas limitações. Assim, em 1948 muitos arquitetos criticaram a posição do regime nesta área, afastando-se assim da