Cultura da Deusa
AS CULTURAS DA DEUSA Os mais profundos valores e crenças de um povo dão forma não só às suas práticas espirituais mas também ao modo como organizam suas vidas. Das percepções comuns do que é real promanam as estruturas sociais que refletem a noção de verdade de um povo. Não é surpreendente, pois, que encontremos as sociedades neolíticas organizadas em torno das mulheres. Nos primeiros anos do século XX, o arqueólogo Arthur Evans descobriu as ruínas de uma cultura perdida na cidade de Cnossos, na ilha de Creta. As pinturas e os artefatos por ele encontrados descreviam uma cultura amante da paz, alegre, festiva e sensual, onde as mulheres detinham posições de honra e poder, e onde os homens eram subservientes e presumivelmente tinham um status de segunda classe. No começo, os investigadores pensaram que a cultura minóica de Creta era uma espécie de acidente feliz mas excepcional. Entretanto, no Mediterrâneo oriental foram desenterradas outras cidades que refletiam uma organização matrifocal semelhante à de Creta. Na Anatólia (Turquia atual), as cidades de Catai Hüyük, Mersin, Hacilar e Ala-lakh também eram culturas matrifocais da Deusa. No outro extremo do Mediterrâneo, Marselha e Siracusa eram centros de culto da Deusa, e talvez o mais famoso de todos estivesse em Éfeso, na Grécia. O que eram essas culturas centradas na mulher e na adoração da Deusa? Muitos estudiosos assinalaram suas fortes semelhanças com muitos mitos e lendas europeus acerca de uma Idade de Ouro, sugerindo que os mitos surgiram como relatos subseqüentes do que em tempos passados tinha sido uma realidade. A ausência de fortificações militares e de armas indicam tratar-se de culturas amantes da paz. Parece não ter havido guerras organizadas em grande escala, apenas as escaramuças e conflitos pessoais de escassa importância que ocorrem em qualquer sociedade humana. As armas eram pequenos instrumentos pessoais, o que sugere que seriam usadas primordialmente para defesa. Aos