CTS Marcado
Prohibitorum... e outros mais graves. E não é só a mecânica: toda a ciência clássica pode interpretar-se como a superação de supostas barreiras, a integração de domínios separados
(pelo sentido do senso comum e pelos dogmas). Pensemos na teoria da evolução das espécies; na síntese orgânica (no séc. XIX aceitava-se ainda a existência de um “elemento vital” e negava-se a possibilidade de sintetizar compostos orgânicos!); no eletromagnetismo, que mostrou os vínculos entre eletricidade, magnetismo e óptica; nos princípios de conservação e transformação da massa e da energia, aplicáveis a qualquer processo (Gil et al., 1991); em toda a controvérsia que atravessa a 1ª metade do século XX entre fixistas e mobilistas até à complexa aceitação, pela comunidade científica, da tectônica global, como paradigma das
Ciências da Terra. Onde está o caráter puramente analítico? Onde está o caráter neutro e asséptico da ciência? Há que reconhecer que, pelo menos, nem toda a ciência clássica foi assim. Parece mais apropriado, pois, falar de visões (ou, em todo caso, de tendências) deformadas da ciência, do que atribuir essas características a toda a ciência clássica.
As concepções dos docentes sobre a ciência seriam, pois, expressões dessa visão comum que os professores de ciências aceitariam implicitamente devido à falta de reflexão crítica e a uma educação científica que se limita, com frequência, a uma simples transmissão de conhecimentos já elaborados – retórica de conclusões. Isso não só secundariza as características essenciais do trabalho científico, mas também contribui para reforçar algumas visões deformadas, como o suposto carácter “exato” (logo dogmático) da ciência, ou a visão aproblemática etc. Desse modo, a imagem da ciência que os professores
(e muitos cientistas) possuem diferencia-se pouco, ou melhor, não suficientemente, das que podem ser expressas