Crônica

Doce Felicidade.

Era fim de tarde, um calor danado. Resolvi ir ao supermercado. Supermercado cheio, até parecia domingo, mas logo de cara algo me chamou atenção. Um garoto de mais ou menos uns sete anos, vestido com roupas baratas e calçando chinelo, sozinho de mãos dadas com seu irmão mais novo, andando pra lá e pra cá.
O garoto me parecia bastante agitado e assustado. Mas por quê? O quê ele escondia? Estava com medo? Resolvi então olhar discretamente o garoto. Ele andou por todos os corredores do supermercado, mas perto dos doces o garoto parou. Ficou um tempo encarando os doces, mas logo saiu dali sem que eu mesma percebesse.
Fui fazer minhas compras. Já não via mais o garoto e nem seu irmão. Achei que já tinham ido embora. Mesmo assim, ainda fiquei pensando naquela cena. Por que o garoto olhava tanto os doces?
Enquanto passava os produtos no caixa, vi o pequeno garoto novamente. Mas dessa vez não estava olhando nada, estava chorando. Quando estava indo embora resolvi pergunta o porquê do choro e o garoto soluçava dizendo: Eu queria apenas um bombom, mas não tenho dinheiro pra comprar um. Os olhos daquele garoto me pareciam verdadeiros. Voltei pra dentro do mercado e comprei uma caixa de bombom e dei-a de presente ao garoto. Ele me agradeceu com um sorriso de orelha a orelha. Voltei a minha casa plenamente satisfeita com a felicidade que pude proporcionar ao garoto.
Durante a noite pensei sobre o que aconteceu no supermercado. Onde está a compaixão das pessoas? O garoto estava apenas com vontade de comer um doce, como qualquer outra criança. Então porque as pessoas o viam chorando e não faziam nada? Fingiam que o garoto nem existia. Que falta faria o dinheiro daquela caixa de bombons pra alguém? Mal sabiam que o sorriso de agradecimento seria impagável. Ana Carolina Palma