Crônica chapeuzinho vermelho
Na crônica “Chapeuzinho Vermelho”, Millôr Fernandes busca de forma bem diferente da que se costuma ver, relatar um conto bastante conhecido. Ele faz uso de recursos específicos pra fazer desta crônica uma espécie de releitura do conto original. No princípio da crônica ele faz uso da expressão “Era uma vez”, conhecida por iniciar contos, contudo, na própria crônica deixa explícito para o seu leitor que a ideia da expressão que ele deseja transmitir-lhes não é a mesma por eles conhecida. Seu propósito é desvincular a expressão da fantasia e torná-la como algo que relata uma “realidade palpável” , como o próprio afirma. Dando continuidade à crônica, Millôr Fernandes começa a relatar a sua versão do conto, com base nos fatos originais da estória, porém utilizando-se do humor e em alguns momentos de recursos técnicos ou científicos para explicar a seus leitores os termos usados e as situações em que os personagens se encontram, como podemos observar em: “Chapeuzinho Vermelho costumava passear no bosque, colhendo Sinantias, monstruosidade botânica que consiste na soldadura anômala de duas flores vizinhas pelos invólucros ou pelos pecíolos, Mucambés ou Muçambas, planta medicinal da família das Caparidáceas, e brincando aqui e ali com uma Jurueba, da família dos Psitacídeos, que vivem em regiões justafluviais, ou seja, à margem dos rios.” A seguir o autor começa a utilizar um outro tipo de recurso. Baseando-se nos conceitos da psicologia, Millôr Fernandes traça um perfil psicológico dos personagens. Chapeuzinho Vermelho é caracterizada como uma menina que sofre de alucinações. Por isso, o contato com o lobo, descrito no conto original, segundo o autor, não é uma realidade senão uma fantasia criada pela mente de Chapeuzinho, impulsionada pelo sentimento de insegurança e indefesa que a mesma tem ao andar sozinha pela floresta: “Chapeuzinho Vermelho andava, pois, na Floresta, quando