criticismo
Introdução
Kant é seguramente o filósofo mais importante da Ilustração e, quiçá, de toda a modernidade. Por isso frequentemente se divide o pensamento moderno entre prékantiano e pós-kantiano. Quando falamos assim, na verdade, estamos distinguindo entre o tipo de filosofia que se fazia antes e depois da Crítica da razão pura, já que é nesta obra que são sintetizados os princípios do criticismo kantiano e da revolução copernicana na filosofia. No entanto, Kant não foi sempre um crítico, já que possuiu uma larga fase denominada pré-crítica, na qual ainda não havia desenvolvido o criticismo. Contudo, podemos interpretar toda esta ampla etapa como um continuado esforço de Kant para conseguir formular o criticismo, que constitui seu pensamento maduro e a síntese de sua contribuição filosófica. Deve-se notar, contudo, que Kant possui um pensamento muito complexo e bem mais amplo que o identificado com suas três críticas: Crítica da razão pura,
Crítica da razão prática e Crítica da faculdade de julgar.
Kant recebeu e forneceu resposta específica a praticamente todas as grandes correntes filosóficas de seu tempo: à tradição racionalista moderna, sobretudo a partir da perspectiva da chamada Escola de Leibniz-Wolff; à tradição da ciência física matemática, especialmente desde o sistema de mundo de Newton; à tradição empirista moderna, especialmente desde as conclusões céticas que dela extrai Hume; ao pensamento e a atitude da Ilustração, mormente da formulação que lhe deu Rousseau; e, também, à tradição religiosa cristã, sobretudo a partir do pietismo luterano no qual Kant foi educado.
Neste capítulo exporemos sinteticamente o criticismo kantiano, ressaltando seu desenvolvimento e relacionando à discussão que gerou com as influências mencionadas.
O presente ensaio, traduzido por Ricardo Henrique Carvalho Salgado e João Paulo Medeiros Araújo, constitui-se em versão de capítulo da obra originalmente publicada em