Crise socialista
CRISE DO SOCIALISMO NO MUNDO por Velha Toupeira
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CRISE DO SOCIALISMO NO MUNDO
[Notas para uma palestra realizada no Espaço Cultural Helena Greco, do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Contagem, em 12 de Julho de 1995.]
«O socialismo morreu. Falar dele é fazer a sua oração fúnebre». Esta frase, que podia ter sido publicada na Folha de São Paulo de hoje, foi escrita por um obscuro jornalista francês, Louis Reybaud, em 1854. O socialismo estava então morto no sentido literal da palavra. A repressão à insurreição dos operários de Paris de 23 a 26 de Junho de 1848 fizera de 4.000 a 15.000 cadáveres.
Neste sentido, o socialismo nunca deixou de estar em crise. Se a sua razão de ser é a instauração de uma nova organização social, em que deixe de haver exploração e, portanto, classes sociais e opressão política, o mero facto de o socialismo não triunfar constitui uma crise do socialismo.
A primeira grande crise resultou da derrota na vaga de revoluções que agitou a Europa de 1846 a 1848. Fracassaram então as tentativas do proletariado para se emancipar da burguesia radical.
A segunda crise resultou do esmagamento da Comuna de Paris de 1871. Fracassou a primeira tentativa do proletariado para instaurar uma sociedade socialista.
A terceira crise resultou da derrota e da desagregação do grande surto insurreccional dos soldados e dos trabalhadores das fábricas e dos campos na Europa de 1916 a 1921. Numa fase em que o capitalismo era já imperialista, o socialismo só podia ser internacional. Mas o movimento foi derrotado pelas armas na Hungria e na Alemanha, desagregou-se nos outros países e degenerou rapidamente na Rússia.
A quarta crise resultou da maneira como se operaram as independências dos povos colonizados, desde a segunda guerra mundial até à década de 1970. Ficou manifesta a incapacidade dos trabalhadores para converterem o processo de independência numa revolução social. Os trabalhadores serviram de base