crise economica no brasil
Os efeitos da crise sobre a economia brasileira sepultaram a tese do descolamento dos países emergentes. No Brasil, a maior preferência pela liquidez dos bancos provocou um “empoçamento” da liquidez e uma redução no crescimento do crédito. Enfim, a deterioração das expectativas de firmas e bancos originou o receio de uma forte desaceleração, justamente quando a economia brasileira vinha passando por um de seus mais longos ciclos de crescimento. Ao contrário do que alguns podiam pensar, a economia brasileira não estava blindada contra a crise financeira internacional devido à fragilidade financeira do setor produtivo, a qual se deve a sua exagerada exposição a instrumentos de derivativos de câmbio. As empresas valeram-se de um processo de amparo de margem de lucro diante do processo contínuo de apreciação cambial evidenciado nos anos de 2006 e 2007, ocasionando redução na receita operacional das empresas. Podemos afirmar, consequentemente, que as empresas trocaram receita operacional por receita financeira. Ademais, evidenciou-se um segundo fator que colaborou para essa exposição, qual seja, o otimismo generalizado do mercado. Foi nessa conjuntura que as empresas diminuíram suas margens de segurança e, sob esse aspecto, podemos dizer que o mito da blindagem desconsiderou a fragilidade do setor privado não financeiro. A crise brasileira foi endógena, decorrente da crescente fragilidade financeira do setor privado e da exposição ao risco cambial, mas o disparo, evidentemente, foi exógeno, proveniente dos efeitos da crise internacional.
As perdas com as operações de derivativos cambiais foram grandes. No setor produtivo, graúdas empresas exportadoras de commodities foram afetadas de forma imediata, nomeadamente Votorantim, Sadia e Aracruz. Isso aconteceu devido a operações financeiras especulativas sofisticadas no mercado a termo e de opções, que tinham como objetivo abrandar os efeitos negativos da valorização cambial sobre a