Crise do medievo, expansão marítima e formação do estado nacional português
Em fins do século XX e início do XXI, com o advento da pós-modernidade, da Sociedade do Conhecimento, da revolução da informação, da internet, etc., a globalização atingiu níveis estratosféricos, há pouco inimagináveis, adquirindo sentidos diversos. Verdade que atualmente um desses sentidos tenha advogado a favor do imperialismo cultural (sobretudo norte-americano), revelando-se importante instrumento usado pela política neoliberal para manutenção e expansão do sistema. No entanto, o termo nos leva a um passado bem mais distante. Um passado no qual esta imposição da chamada cultura ocidental partiu de um “velho continente” pressionado a reestrutura-se. Essa pressão de outrora foi responsável, dentre outros, por levar o Velho Mundo, encabeçado por seus representantes ibéricos, ao encontro do Novo, dando talvez o mais significativo passo no processo de globalização. Melhor, ao processo de europeização da civilização mundial. No processo de integração cultural encontramos um dos principais adventos da modernidade, no qual a conquista do Mar Oceano foi decisiva. Neste cenário globalizante da chamada Expansão Marítima (designada também Época dos Descobrimentos ou das Grandes Navegações), nossos ancestrais portugueses desempenharam importante papel, de reconhecido destaque historiográfico. A investida ultramarina, apesar do aspecto internacional, carrega em si a marca portuguesa. É a partir desta investida que um mundo extremamente heterogêneo empenha-se no audacioso projeto de feição capitalista de construção da modernidade. É necessário que se entenda, de antemão, que esta conquista foi reativa a uma das maiores crises social/política/econômica registradas pela historiografia: a crise do sistema feudal no século XIV. Analisemos, portanto, como se deram os descobrimentos ultramarinos do início dos tempos modernos a partir de breve apresentação conjuntural do mundo