Cotas
A desembocadura de águas imiscíveis
Qualquer pessoa mediana sabe que a solução do problema da desigualdade social brasileira passa necessariamente pelo investimento na melhoria da educação básica e fundamental da rede pública de ensino. O que pouca gente sabe é que esta solução tende a nunca acontecer, pois, assim como as águas dos rios Negro e Solimões não se misturam, apesar de caminharem juntas, em decorrência das diferentes temperatura e velocidade, de uma e de outra, assim também caminha a ganância capitalista e as demandas sociais, lado a lado, com nítidos pesos políticos diferenciados, para uma e outras, com reflexo preocupante, para não dizer desastroso, no grande rio barrento da sociedade brasileira.
De há muito que se ouve falar na necessidade de pesado investimento na educação brasileira, só que o poder público nunca adota esta medida, porque, segundo reza a cartilha capitalista, na escassez de recursos, deve-se socorrer primeiramente a economia (leiam-se bancos e o grande capital), preterindo-se, sempre, o favorecimento das camadas inferiores da sociedade.
O sistema de cotas adotado por diversas universidades públicas brasileiras, como forma de amenizar a situação dos alunos secundaristas oriundos de escolas públicas em geral, e dos negros em particular, tem sido a única alternativa capaz de atenuar os efeitos dessa injusta e vergonhosa desigualdade educacional e social reinante secularmente no Brasil, fruto do desleixo político do Estado brasileiro, desde a proclamação da República. Apesar de tão nobre, essa iniciativa acadêmica tem sido sistematicamente difamada na mídia elitista nacional, como tem que se esperar que seja, qualquer benefício feito ao povo.
Afora a chuva de ações judiciais impetradas contra tal medida, na sua maioria infrutíferas, parte da elite brasileira não se cansa de bombardear esse sistema, que está em vias de se tornar lei federal, alardeando continuamente, na grande mídia, diversas