Corpo, Lei E Memória

4714 palavras 19 páginas
Nos dois últimos séculos, a Antropologia tem enfocado o tema “corpo” entre suas predileções, procurando entender as construções e as representações que cada sociedade faz de seus corpos. Neste caso, bom para se pensar nas diferentes construções que cada sociedade escolhe como forma de marcar significativamente o corpo. As condições que possibilitam ao sujeito dizer "eu" (identificação de alguém consigo próprio) e reconhecer-se a partir do que ele próprio vai constituir como contorno para o "si mesmo". A relação entre memória, experiência e transmissão se da de modo original e rigoroso, as condições que possibilitam a existência da memória, as relações da memória com o corpo, a pulsão, a própria "ficção do si mesmo" e, como não poderia deixar de ser, com a escrita.
O relacionamento do acontecimento com a representação e desenvolve os fundamentos de toda possível transmissão sobre a relação da experiência compartilhada com aquilo que escapa à própria representação, isto é, a articulação entre simbólico e real. Assim como o corpo é essencialmente furo, borda orificial através da qual se produz toda e qualquer troca com o outro, se os objetos permanecem apenas como signos apesar do poder de sua figuração simbólica dos modos de vida, os relatos, falados ou escritos, esboçam o possível das cenografias da memória.
O objeto, ou a coisa mesmo, que circula enquanto algo praticado e ritualizado no corpo do social, mediante os atos que o fazem percorrer os complexos (des)caminhos da vida em sociedade, está repleto de sentidos e nexos compartilhados por aqueles que lhe atribuem valores e simbolismos, sendo que os mesmos emergem da própria experiência intersubjetiva das pessoas em interação entre si, e delas com o mundo.
Há uma simbólica do objeto (marca) cuja dinâmica está relacionada a uma ecologia específica, envolvendo um universo mental implicado em certos mapeamentos, atribuições de sentidos mais ou menos subjetivos e fluxos de imagens, que "situam" a coisa em si

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