Contos

Inverno, mas um dia quente como qualquer outro tem sido nessa cidade. Apesar de estar um ótimo dia para ficar deitada no sofá, assistindo qualquer coisa na televisão, seria melhor ainda ir ao encontro de uma de minhas bandas favoritas. Me arrumei, e sai de casa. A fila rodando na esquina, o sol queimando a minha pele e dos outros fãs que esqueceram o protetor solar. E a casa de show? Atrasada, como sempre. Todos animados, ansiosos e irritados com a demora. Escutava um grito histérico daqui, uma reclamação dali, mas no fundo, era tudo vontade de encontrá-los logo. O portão abriu. E quem estava com o ingresso invalido? Sim, eu mesma. Meus olhos lacrimejando por uma mistura de sentimentos, desespero, raiva, nervoso, medo... Os outros da minha idade, entrando em minha frente com um olhar de pena, e o atendente nem em um pouco preocupado com o problema. Enrolação daqui e dali, e consigo entrar com os outros. A fila continua grande. A maioria das meninas aflitas, ou quase sem reação. Os meninos empolgados, mas não demonstrando muito. Cada grupo de dez pessoas que entrava no local fazia com que todos que estavam fora ficassem ainda mais ansiosos. E finalmente chegou minha vez. Entrei junto de outros nove. Os sorrisos estampadas nos lábios dos membros da banda arrancando sorrisos ainda mais largos dos fãs, e os abraços, ah.. Todos incríveis! Poucos segundos passaram e os seguranças acabam com toda a felicidade. O tempo havia acabado. Não durou nem um minuto. Por que tanta injustiça pra conhecer um ídolo? Mas não adianta reclamar, já que dizem por aí que tudo que é bom, dura pouco e custa caro.