Conto
Nem o frio nem o medo foram capazes de afastar Lalitha, Maya e Saniya do sótão da avó naquela noite. A curiosidade típica da idade, unida com a teimosia e astúcia das três meninas indianas, formavam o que parecia ser a fórmula perfeita para uns momentos bem passados em família. Isto ou uma data de sarilhos, claro. Mas a caixa de madeira do avô Xandi estava mesmo ali, parada e coberta de pó a implorar para ser aberta e explorada. Qual era o mal de darem só uma espreitadela e remexerem um bocadinho?
- Então o que acham que devíamos fazer agora? – perguntou Lalitha que, para além de ser a irmã mais nova era também a mais cautelosa.
- Eu abro! Somos as únicas da família que não chegámos a conhecer o avô Xandi e esta pode vir a ser a nossa única oportunidade. Estou farta de ouvir histórias, é a nossa vez de as contar!
Como de costume a imprudência de Maya, a irmã do meio, sobrepôs-se ao seu melhor julgamento do correto e do errado. Em poucos segundos a caixa estava aberta e um novo mundo pronto para ser explorado. Agora nada as podia impedir.
- Isto são condimentos antigos? Mas quem é que guarda condimentos numa caixa durante tantos anos? Conseguem acreditar neste ipod da idade da pedra? – perguntou Maya, um pouco desiludida com o conteúdo da caixa.
- Impressão minha ou isto é só tralha? Pronto já vimos o suficiente, vamos arrumar tudo antes que alguém nos veja. – ordenou Lalitha, sem grandes esperanças que as irmãs mais velhas a ouvissem.
- Isto é um diário? Meninas eu acho que acabámos de encontrar o verdadeiro tesouro desta caixa! – exclamou Saniya num tom entusiástico, pelo menos para ela que geralmente era muito retraída.
- Saniya lê em voz alta, por favor – pediu Maya.
Saniya abriu imediatamente a primeira página e explicou às irmãs que o diário era do ano de 2013, o que significava que o seu avô teria cerca de 15 anos na altura. Sem perder mais tempo, iniciou a leitura do diário.
Sexta-feira, 7 de Junho de 2013
Hoje o dia