Contas e novas tendencias

2241 palavras 9 páginas
Por que as contas não fecham
Entenda os mistérios contábeis das empresas da Nova Economia
Por Mikhail Lopes - Revista Exame - 17/04/2000

No início de 1972, a fabricante nacional de pistões e bronzinas Metal Leve abriu o capital na Bolsa de Valores de São Paulo. Levando em conta o valor do patrimônio da empresa, constante de seu balanço, cada ação teve o preço fixado em 2,65 cruzeiros, a moeda da época. Após a abertura do capital, o valor das ações se multiplicou várias vezes até estabilizar na casa dos 15 cruzeiros. O caso da Metal Leve mostra como uma empresa não vale pelo patrimônio que está registrado em seu balanço. Vale pelo que o mercado acredita que ela pode gerar de lucro no futuro.
Balanço, então, para quê? De que serve aquela confusão de números, escondidos por trás de alíneas obscuras, notas em letra miúda no rodapé e um fraseado empolado, tocado a expressões cheias de significado como ativo ou passivo, imobilizado ou diferido? Que dizer dos créditos de liquidação duvidosa? Do realizável a longo prazo ou dos passivos circulantes? Como reagir diante de uma depreciação ou, pior, de uma amortização? Isso para não falar, nestes tempos de globalização, no goodwill, nas liabilities ou no equity. Pois é. Sabe-se vagamente que, no final das contas, o ativo tem de ser igual ao passivo. Sabe-se também que o que interessa mesmo é a última linha do balanço, aquela que diz se uma empresa está no azul ou no vermelho. Mas a ciência contábil continua sendo um mistério acessível a uns poucos iluminados.

Os guarda-livros da época da Revolução Industrial já conheciam casos como o da Metal Leve, de discrepância entre o que uma empresa vale (quanto o mercado está disposto a pagar por ela) e o que está registrado no balanço. Ocorre que a função do balanço - sim, ele tem uma função - não é propriamente dizer quanto a empresa vale, mas saber se ela está dando lucro ou não. "A contabilidade é fantástica para medir o lucro que aconteceu", diz o professor Eliseu Martins,

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