Consumidores e Cidadãos

Resenha da obra Consumidores e Cidadãos
Néstor García Canclini1
Reynaldo Carilo Carvalho Netto2

Pesquisador argentino radicado no México, Néstor García Canclini estudou filosofia e dirige o Programa de Estudos sobre Cultura Urbana do Departamento de Antropologia da Universidade Autônoma Metropolitana, no México. É um dos principais antropólogos que tem tratado da pós-modernidade e a cultura desde a perspectiva latino-americana. É estudioso da globalização e das mudanças culturais na América Latina, suas obras consistem em importantes contribuições para a elaboração de estudos transdisciplinares na área da comunicação.
Na obra Consumidores e Cidadães, Canclini propõe discutir como a mentalidade consumista afeta a civilidade da população no século XXI, os latinos em especial. Como o autor mesmo diz, a obra está entre investigação e um conjunto de ensaios, onde serão discutidos o consumo cultural e a organização da identidade nessa era industrial. Argumenta, que a América Latina foi “inventada” pelos colonizadores europeus, Portugal e Espanha, mas que hoje as influências mais marcantes são advindas dos Estados Unidos – símbolo de riqueza, consumismo e poder. Desse modo, é proposto reconceituar o consumismo como importante mentor de desenvolvimentos também positivos em diferentes âmbitos na sociedade.
Canclini aborda a desterritorialização de um objeto, sendo que o mesmo é comum em diversas áreas do mundo. A globalização, ao contrário do que se pensa, torna as diferenças ainda mais visíveis e o consumismo buscando a lucratividade, a transforma em desigualdade. O consumismo seria um código gerado pela massa para unificar a heterogeneidade da população, que cada vez mais está internacionalizada. As cidades com a globalização, teriam perdido a essência de suas raízes e com a conseqüente perda de fronteiras e evoluções tecnológicas, ocasionou uma interpenetração e cruzamento de culturas, não podendo mais formar assim uma identidade que defina uma comunidade