Construção subjetividade na idade moderna
Intensas transformações de ordem política, econômica e social marcaram os séculos XV e XVI. O movimento artístico-cultural denominado Renascimento representou um grande avanço do ponto de vista tecnológico, de modo a sustentar a expansão marítimo-comercial.
As grandes navegações, por sua vez, proporcionaram algo inédito: o contato entre o homem branco, europeu, e o nativo americano. Esse europeu depositou sobre o indígena um olhar bitolado, imbuído de preconceito, sobre o qual se sustenta o mundo moderno: a supervalorização, vanglória de si – nesse caso européias. O homem caucasiano não se preocupou em conhecer e entender esse indígena, menosprezando-o e comparando-o a si próprio. A partir desse contato, entre povos completa e totalmente diferentes entre si, delimitou-se o individualismo. O europeu passou a perceber-se como alguém diferente do outro, assumindo atitudes etnológicas e antropólogas novas até então. “Alguns ficaram atentos às profecias de seus ídolos, de sonhos e outras tolices nas quais acreditavam” (p.103). O excerto, pertencente ao texto-base de Hans Staden – Duas Viagens ao Brasil – exemplifica tal postura, a partir da qual se distinguiram as idéias de sujeito e indivíduo.
Tem-se por sujeito aquele que realiza a ação e atua no mundo, tendo plena capacidade de revolucionar a humanidade; por indivíduo tem-se aquele que pertence a um grupo, noção que remete ao coletivismo medieval. Tal distinção faz menção ao processo de interiorização, característico desse período. Ao desbravar o Atlântico, o europeu superou barreiras mentais ditadas pela Igreja, passando a melhor conhecer o mundo ao seu redor, além de a si próprio, ao passo que delimitava esse conceito de pessoa – sujeito. O enfoque no racionalismo e no individualismo, característica fundamental da primeira parcela da modernidade, o contato com outros – e diferentes – povos e os desdobramentos da Expansão Marítimo-Comercial compreendem esse processo de interiorização.