Construindo a partir da desconstrução
No final da minha infância experimentei pela primeira vez essa sensação, conheci o que viria ser minha primeira grande idolatria, a que segui por mais tempo, o que fez eu me interessar por leitura e pelo cinema: a saga Harry Potter (pronto, agora metade das pessoas para de ler e começa a rir da minha cara). Foram anos fazendo compra antecipada dos livros, me trancando no quarto pra devorar as páginas, me matando para ver os novos filmes e depois rever até decorar todas as falas com meu irmão. Também era minha forma favorita de estudar inglês, vendo as cenas sem as legendas pra ir pegando uma palavra ou outra e depois a felicidade de já conseguir entender todas as frases.
Na pré-adolescência, quando eu tinha finalmente feito bons amigos, meus pais se mudaram de cidade, e eu, me vi fora do meu espaço. Não foi muito fácil fazer amigos com um visual exótico, vestindo preto, com as laterais do cabelo raspadas e com correntes penduradas, principalmente em um colégio de freiras Salesianas de uma cidade pequena. Nessa época eu já não tinha mais muito orgulho de gostar de histórias sobre “bruxinhos”, aquilo podia não soar bem e eu mantinha minha adoração em segredo, mas em casa eu continuava relendo os livros, principalmente nos finais de semana, quando eu me sentia isolado e com saudades dos antigos amigos, nessas horas eu gostava de pensar que os personagens eram meus amigos. O personagem de Harry tinha momentos de irritabilidade e falhas adolescentes que me faziam gostar ainda mais dele e me sentir mais próximo. O tempo passou, fiz