EDUCAÇÃO INFANTIL, GÊNERO E BRINCADEIRAS: DAS NATURALIDADES ÀS TRANSGRESSÕES
FINCO, Daniela – UNICAMP
GT: Educação da Criança de 0 a 6 anos / n.07
Agência Financiadora: FAPESP
Introdução
Desde o berço, as atitudes, as palavras, os brinquedos, os livros procuram moldar as crianças para que aceitem e assumam os rótulos que a sociedade lhes reservou. Para os homens o público e a política, para as mulheres o privado e a casa1. Dos meninos espera-se agressividade, capacidade de liderança, racionalidade. Das meninas espera-se delicadeza, sensibilidade e beleza.
As normas sociais prescrevem posturas, comportamentos, atitudes diferenciadas para homem e mulheres. Desde a infância, tais atitudes são enraizadas através dos relacionamentos na família, na escola, construindo assim valores, nem sempre explícitos, mas que sutilmente determinam nossos comportamentos.
Qual a relação entre os espaços destinados aos homens e mulheres e as expectativas para os meninos e meninas? É preciso aceitar que “naturalmente” a escolha dos brinquedos, das cores, das atividades sejam diferenciadas segundo o sexo?
Será verdade o que nós aprendemos sobre as formas de brincadeiras que meninos e as meninas praticam? Pesquisas afirmam que elas preferem as bonecas, eles os carros (SAAVEDRA e BARROS, 1996) e também que elas brincam de roda e eles jogam bola (GUARESCHI, 1994). Devemos enxergar como natural o fato de que meninos e meninas possuem papéis e comportamentos pré-determinados?
Este trabalho traz os resultados finais de minha pesquisa de mestrado realizada pela Faculdade de Educação da Unicamp e intitulado como “Faca sem ponta, galinha sem pé, homem com homem, mulher com mulher: relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na pré-escola”2, que teve como principal objetivo observar as brincadeiras de meninos e meninas, analisando o modo como se relacionam e se manifestam culturalmente frente às questões de gênero. Os resultados mostram como as hierarquias de gênero