Consequencias
No que se refere à tese de que a crise de 2008 seria apenas um desvio temporário da trajetória de crescimento de longo prazo das economias capitalistas, os eventos ocorridos depois de 2009 parecem apontar claramente para a falsidade dessa conjectura.
Com efeito, a crise de 2008 não foi apenas um "curto circuito" na máquina capitalista, o qual poderia ser corrigido por intermédio da intervenção do Estado no "mecanismo de ignição" das economias capitalistas. Isso porque o regime de crescimento do tipo "finance-led" teve como contrapartida uma elevação significativa do endividamento do setor privado nos anos anteriores a crise de 2008.
Considerando apenas os países da área do euro, constatamos que entre 1997 e 2008, a dívida das empresas não financeiras passou de 250% para 280% do PIB, o endividamento dos bancos aumentou de 190% para 250% do PIB e o endividamento das famílias aumentou em quase 50%.
Os efeitos da crise financeira já se fazem presentes no mundo do trabalho. A falência de diversas empresas, bem como a diminuição do crédito em circulação, reduzem os níveis de consumo e investimento, o que gera, conseqüentemente, a queda no nível das atividades econômicas. O resultado mais imediato deste ciclo econômico descendente é o aumento do desemprego dos trabalhadores.
Nos Estados Unidos, epicentro da atual crise, segundo dados do Departamento do Trabalho, os pedidos nacionais de auxílio-desemprego aumentaram consideravelmente, alcançando 497 mil pedidos. É a maior marca registrada desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, sinalizando fortes indícios de recessão na maior economia mundial. A previsão é de piora do quadro social, pois se estima que 100 mil trabalhadores percam, a cada mês, seus postos de trabalho, o que pode resultar em um aumento na taxa de desemprego do país de 6% para 8%. No mês de outubro, 240 mil vagas foram fechadas; no acumulado do ano, 1,2 milhões de postos de trabalho desapareceram.
“Os Estados Unidos não