Conhecimento
PAULIN J. HOUNTONDJI
Conhecimento de África, conhecimento de Africanos:
Duas perspectivas sobre os Estudos Africanos
Em que medida são africanos os chamados Estudos Africanos? O estudo da África, tal como desenvolvido até hoje por uma longa tradição intelectual, faz parte de um projecto abrangente de acumulação do conhecimento iniciado e controlado pelo Ocidente. Este artigo defende que as sociedades africanas devem eles próprias apropriar‑se activa, lúcida e responsavelmente do conhecimento sobre elas capitalizado durante séculos.
Defende, mais genericamente, o desenvolvimento em África de uma tradição autónoma, confiante em si própria, de investigação e conhecimento que responda a problemas e questões suscitados directa ou indirectamente por africanos. Convida os investigado‑ res africanos da área dos Estudos Africanos e de todas as outras disciplinas a compreen deram que, até ao momento, têm vindo a levar a cabo um tipo de pesquisa maciçamente extravertido, isto é, orientado para fora, destinado em primeira linha a ir ao encontro das necessidades teóricas e práticas das sociedades do Norte. Propõe uma nova orien‑ tação e novas ambições para a investigação feita por africanos em África.
A la mémoire de John Conteh-Morgan
Quando falamos de estudos africanos, normalmente estamos a referir-nos não apenas a uma disciplina, mas a todo um leque de disciplinas cujo objecto de estudo é África. Entre estas incluem-se, frequentemente, disciplinas Este artigo é uma versão revista de uma conferência proferida na cerimónia de abertura da
Bayreuth International Graduate School of African Studies (BIGSAS), na Universidade de Bayreuth, na Alemanha, em 13 de Dezembro de 2007. Os meus agradecimentos à Fundação Alexander von
Humboldt, por nessa altura me ter dado a possibilidade de alargar por três meses a estada na
Alemanha, para efeitos de investigação. A primeira bolsa de estudo que