Conhecimento e Fé
O que significa, em seu sentido ordinário, a fé? Suponhamos, por exemplo, que alguém ao nosso lado lê uma notícia, toma-a por surpreendente, pede-nos que a leia e, então, pergunta: ‘você crê nisso?’. O que essa pessoa espera ouvir? Ela pode querer saber que postura adoto diante da notícia, se tenho a notícia por verdadeira, se creio que ali se relata algo que ocorreu de verdade. É claro que poderíamos dar respostas diferentes.
Poderíamos dizer que sim, sabemos ser verdade. Poderíamos dizer que cremos ser verdade. Poderíamos dizer que não sabemos se é verdade. Poderíamos dizer: ‘presumo que a informação está correta, ajusta-se à realidade, mas não sei se é verdade’. De modo semelhante, dizer que ‘não, não acredito’, pode significar várias coisas. Pode significar que tenho a notícia por falsa, ou que sou da opinião de que seja falsa, ou que sei que é falsa. Numa primeira aproximação, pode-se dizer que ‘crer’ significa ter uma afirmação por verdadeira e o afirmado por real. Diante de uma afirmação ou um fato, existem distintas posições: a dúvida (ou opinião), o saber e o crer. O saber e o crer denotam um assentimento sobre o ocorrido; além disso, saber e crer são formas de assentimento pleno: quem sabe e quem crê assente sem limitações. Ambos dizem: ‘sim, é assim e não de outro modo’. Nenhuma delas impõem condições.
Porém, é possível também classificar as diferentes posições acima tendo em conta se elas supõem ou não a visão do conteúdo objetivo de que se fala, e em que medida o supõem. Nesse sentido, é necessário separar saber e crer. Pois ‘saber’ algo pressupõe um conhecimento objetivo. Mesmo uma posição não completamente afirmativa, tal como a opinião, também pode se basear num conhecimento – ainda que, talvez, parcial – da realidade objetiva. Em contrapartida, a pessoa que crê não conhece objetivamente essa realidade, ainda que a tenha por real e verdadeira. E é justamente isso que caracteriza o
‘crer’. ‘Mas, então’, poderíamos perguntar, ‘por