Conflito de genero
Gênero, ética e sentimentos:
A resolução de conflitos no campo da educação
Valéria Amorim Arantes1
Brigitte Ursula Stach Haertel2
Como promover uma educação ética que favoreça a convivência democrática entre homens e mulheres? Como romper com uma visão de mundo subordinada aos interesses masculinos? Como erradicar a dominação patriarcal, perpetuada historicamente, que além de naturalizar as exclusões, os preconceitos e as discriminações, estabelece padrões sociais, culturais e psicológicos que acabam por desencadear a violência (física e psíquica) contra as mulheres?
Antes, porém, faz-se necessário percebê-la. Desvelá-la.
A violência contra as mulheres está presente na nossa cultura. No entanto, há muitas maneiras de situar-se diante dela: podemos viver sem vê-la, mantendoa velada, podemos negá-la, aceitá-la, legitimá-la ou, ainda, lutar contra ela. Isso porque, para além de uma trangressão dos direitos humanos, a violência contra as mulheres contempla vínculos afetivos que legitimam, de forma explícita ou não, a desvalorização e a discriminação da mulher. Mais ainda, favorece a convivência entre mulheres e homens, dentro de uma estrutura de submissão e domínio.
Vejamos, a seguir, algumas reflexões a partir de nossos trabalhos de pesquisa.
1
2
Professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.
Mestranda pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.
1
Ética e sentimentos nos conflitos de gênero
Os conflitos de gênero são fenômenos complexos e, como tal, seu enfrentamento requer o estudo da elaboração subjetiva de uma problemática social em que os sentimentos desempenham uma importante função.
Com o intuito de identificar e analisar os sentimentos projetados numa relação de casal permeada por violência (física e psíquica), realizamos uma pesquisa na qual solicitamos a 78 jovens brasileiros, homens e mulheres de 12 a
16 anos de