Confissao De Lucio
INTRODUÇÃO
A finalidade deste trabalho é analisar a novela A confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro, a partir da Realidade x Fantasia, Verdade x Verossimilhança e a presença de elementos fantásticos na obra. A narrativa é rica em mistério, ambiguidade, e incoerência, que dá margem para mais do que uma interpretação aceitável, sendo assim, nenhuma das interpretações da Confissão de Lúcio pode ser analisada como singular e a mais exata. Toda a história é contada pelo escritor Lúcio Vaz, confessando-se inocente após ter cumprido dez anos de prisão por ter sido condenado pela morte do amigo Ricardo de Loureiro. O narrador assegura dizer a verdade, "mesmo quando ela é inverossímil". O triângulo amoroso que se desenvolve entre Marta, Ricardo e Lúcio, confere à trama situações que levam a acreditar que foi um crime passional, porém, a morte de Ricardo envolve circunstâncias misteriosas, pois não houve testemunhas. Não fica claro, portanto, se existiu de fato um crime, se realmente Marta existiu ou foi uma imagem que Ricardo a fez dele.
1. REALIDADE X FANTASIA
A novela escrita por Mário de Sá-Carneiro, A confissão de Lúcio, tem a finalidade de revelar ao leitor um espaço ilusório, cheios de sonhos e fantasias, cujas margens entre o mundo real e irreal são pouco definidas, de maneira que o sonho torna-se uma característica da realidade. A novela possui uma constante ambiguidade do que é real e do que é fantástico no decorrer do enredo.
“A fantasia é o reino intermediário que se inseriu entre a vida segundo o princípio de prazer e a vida segundo o princípio de realidade”. (FREUD apud NASIO, 1997).
É possível realizar a análise do enredo de A confissão de Lúcio a partir do pensamento acima, pois durante a narrativa percebemos a fantasia através do princípio da realidade, quando Ricardo expõe a Lúcio o que sente por ele com relação a sua amizade como podemos ver em um trecho da história:
Não pode imaginar, Lúcio, como a sua intimidade me