Resenha crítica - a confissão de lúcio
RESENHA
A CONFISSÃO DE LÚCIO
OSASCO, 2012
A Confissão de Lúcio, escrita por Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), em prosa, 1ª pessoa, onde o protagonista é muito explícito quanto às suas obsessões, pesares, e solidão, depressão.
Após dez anos em cárcere, por um crime, (assassinato de Ricardo Loureiro) que não cometeu, inicia sua tentativa de explicar os fatos, sua inocência, suas convicções, que no momento de seu julgamento não aconteceu; através de fatos surrealistas, narra a trajetória dos acontecimentos, que antecedem a tragédia, lembranças sem continuidade específica, nitidez, fragmentada. Ambiguidade é figura constante da narrativa, leva o leitor a muitas conjecturas, dúvidas constantes, transportando-o também ao que poderíamos designar como “irrestibilidade” da leitura almejando seu término.
A história baseia-se na amizade entre Lúcio e Ricardo, que tem uma ligação muito forte, amizade que ultrapassa as expectativas de algo comum, uma vez que, chegam a transportar, por assim dizer, os sentimentos além da carne, após anos de convivência, confidências, revelações, separam-se por um tempo, quando do estreitamento dos laços inevitáveis de relacionamento acontecem novamente, Lúcio durante o reencontro, leva o leitor a crer, que Ricardo sofreu transformações, (descreve sobre sua aparência), e a partir deste reencontro, outro mistério se instala, pois, é intrigante a forma como Marta, apresentada como esposa de Ricardo, em muitos momentos Marta aparece, Ricardo está sempre envolto em dedicadas horas de estudos, escritos, enfim em sua biblioteca, o que dá argumento suficiente, para que Marta torne-se amante de Lúcio, como também de outro homem, que é descoberto por Lúcio, e coincidentemente no momento da traição em que seria flagrado, Ricardo aparece, levando então a dúvida ou certeza do momento do reencontro.
A positividade desta obra está na extrema sensibilidade, focada na