Condições sociais de produção da sociologia da educação
A R T I G O
REFLEXÕES SOBRE AS CONDIÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: Primeiras Aproximações *
Luiz Antonio Cunha** RESUMO: A despeito do notável desenvolvimento da pesquisa universitária no Brasil dos anos recentes, a educação e muito pouco valorizada como objeto de pesquisa e de especialização temática pelos sociólogos brasileiros. A situação já foi diferente, tendo sido a Sociologia da Educação campo fecundo de produção de conhecimento nos anos 1950 e 60. O artigo procura pôr o problema dessa desvalorização, de forma a tentar explicála a partir das condições sociais de produção imediatamente universitárias, ligadas à organização interna do ensino e da pesquisa, à “nova” divisão social do trabalho acadêmico resultante da Reforma Universitária de 1968 patrocinada pelo regime militar, que criou as Faculdades de Educação. No decorrer da explanação, o autor enfatiza, como problema correlato, o diletantismo docente. UNITERMOS: educação, Sociologia da Educação, Universidade, reforma universitária, pesquisa acadêmica, diletantismo docente. * Texto apresentado no Seminário de Estudos sobre Sociologia da Educação, em homenagem à Profa. Dra. Aparecida Joly Gouveia, promovido pelos departamentos de Sociologia (FFLCH) e de Metodologia do Ensino e Educação Comparada (Faculdade de Educação), da Universidade de São Paulo, e pelo Departamento de Metodologia do Ensino (Faculdade de Educação) da Universidade Estadual de Campinas, realizado na USP, em 21/3/ 91. ** Sociólogo, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. Para essas primeiras aproximações ao tema, tomei como materiais as reflexões que já havia feito sobre a educação brasileira, especialmente sobre a universidade. E avancei o quanto pude para tentar compreender porque a educação é tão pouco valorizada como objeto pelos sociólogos brasileiros. Como se pode explicar que um problema tão grave como a escolarização da