Concepções mecanicista e orgânica
Há uma distinção entre duas concepções de uma teoria geral da educação: uma mecanicista e outra concepção orgânica, baseadas em diferentes pressupostos acerca da natureza do ser humano.
A perspectiva mecanicista vê a educação como um “negócio” entre o professor e o aluno, na qual, pelo menos inicialmente, todas as vantagens estão de um lado e todas as insuficiências estão do outro. O professor é uma autoridade, um repositório do conhecimento, um perito. O aluno não é nada disto. O fluxo é de sentido único, do professor para o aluno, dado que apenas desta maneira pode ocorrer algum proveito. O professor tem pouco ou nada a aprender com o aluno; o aluno tem tudo a aprender com o professor. Assim, o papel do professor é principalmente didático e regulador. Fornece o material, organiza a produção das associações e verifica se tais associações foram feitas.
A perspectiva orgânica tende a enfraquecer a polaridade rígida que caracteriza o modelo mecanicista. O aspecto de “negócio” diminui e a ênfase é colocada na necessidade de o aluno desenvolver os seus próprios métodos de trabalho e de aquisição do conhecimento e da competência. Ainda é possível considerar o professor uma autoridade, mas o seu papel não será tão didático ou expositor, mas antes o de um supervisor ou consultor. O educador ficará disponível para conselho e ajuda, mas não estará sempre pronto para desempenhar o papel do mestre-escola e fazer sentir a sua presença. O centro de máxima atividade será o próprio aluno. Idealmente, o aluno estará envolvido em aditividades que exercitam as suas capacidades e estimulam os seus interesses, e a sua tarefa será a de conferir um sentido ao seu meio ambiente e construir por si próprio uma visão precisa da realidade. Existirão vantagens numa polaridade lateral, de aluno para aluno, de modo a que possam aprender entre si. A disciplina social da cooperação tenderá a substituir o papel regulador do professor. Por trás de tudo isto