Comunidade imaginada
Em termos editoriais, o mês de abril deve ser comemorado pelos historiadores e outros representantes das ciências humanas. Foram vários lançamentos importantes englobando diversas áreas do conhecimento. Um dos livros mais aguardados, e que chegou às livrarias no fim do último mês, foi o já clássico “Comunidades Imaginadas”, de Benedict Anderson.
Publicado pela Companhia Das Letras, o livro de Anderson se inscreve nos debates teóricos, e porque não práticos, sobre os nacionalismos. Irmão do famoso historiador marxista Perry Anderson, Benedict possui uma trajetória acadêmica fora dos circuitos tradicionais, ou melhor dizendo, fora dos círculos eurocêntricos de abordagem dos fenômenos sociais. Filhos de pais britânicos, Anderson nasceu em Hunming, China, em 1936, e cresceu na Califórnia. Estudou em Cambridge (onde leciona hoje) e passou a se dedicar aos estudos da política e história da Indonésia e do Sudeste Asiático. É também professor emérito da Universidade de Cornell.
Comunidades Imaginadas foi originalmente publicado em 1983, fazendo rapidamente grande sucesso mundial. No Brasil, o livro aparece pela primeira vez em 1989, mas com uma tiragem limitada. Até esta nova versão da Companhia Das Letras, estudantes e pesquisadores brasileiros tinham dificuldades em achar o velho título.
Ao trazer o tema dos nacionalismos e da formação do sentimento de nação, Anderson produz um texto que dialoga e refuta a tese de nomes consagrados, como o sociólogo e filósofo liberal Ernest Gellner, e os historiadores Elie Kedourie e Eric Hobsbawm. Para Anderson, o surgimento do nacionalismo não possui débitos com o industrialismo europeu ocidental, à Ilustração ou tampouco à formulação marxista que apostava em uma chave economicista. Mas qual a sua formulação então?
Para Benedict Anderson, a nação nada mais é do que uma comunidade limitada, soberana e, sobretudo, imaginada. Limitada porque por maior que elas sejam, sempre haverá