Como evitar falácias
Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a vossa! (...)
A liberdade das almas, ai! com letras se elabora...
E dos venenos humanos sois a mais fina retorta: frágil, frágil como o vidro e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam...
Cecília Meireles -
Romanceiro da Incofidência
1. Introdução
Cuidado com as palavras! Cuidado com o que você ouve, lê ou escreve. Você não deve acreditar em tudo o que ouve ou lê. Você deve ter habilidade para lidar com discursos, com textos, com o que lhe dizem, com argumentos que lhe apresentam nos debates do dia-a-dia. Deve distinguir o que o vulgo confunde. Deve ter critérios para aceitar ou rejeitar enunciados, argumentos, declarações feitas. Muitas carecem de fundamentação.
São ardilosas. Enganadoras. Fraudulentas. Falsas. Falaciosas.
Como você reagiria, por exemplo, aos enunciados abaixo? Quais você aceitaria? Como você argumentaria para rejeitar os que devem ser rejeitados? Tente.
Se eu abrir uma exceção para você, deveria abrir também para João. Se abrir para João, devo abrir para André. E para Marcos também. Depois para Maria, Madalena, etc.
Você deve votar de acordo com o partido! Ou será expulso!
A professora chamou a atenção de Joãozinho na semana passada (duas vezes) e nesta (segunda, quarta e sexta). Não adianta mais chamar a atenção dele. Vamos suspendê-lo.
Os brasileiros gostam de praia, café, carnaval e futebol.
A lei que reduz o porte de armas de fogo deve ser abolida, pois, desde que entrou em vigor, a criminalidade aumentou.
Os empregados são como pregos: temos que bater para que cumpram suas funções.
Deve-se coibir usos como estes: "Me dá um cigarro", "eu vi ele", "tu foi", etc., porque, com essa permissividade, vamos reduzir a língua de Camões a uma falação de brutos, a uma língua pobre, de poucas palavras e alguns grunhidos.
Sabia que o casal X está se separando? Mas cuidado: em briga de