Cinema e Literatura
Débora Teresinha Mutter da Silva1
Dentre as inúmeras tendências da crítica contemporânea com inclinação interdisciplinar, uma das mais vigorosas é a que explora as relações entre o cinema e a literatura. A quantidade de livros que receberam versões fílmicas, bem como o desafio de transformar o conteúdo de um livro em roteiro cinematográfico são apenas alguns motivadores para as abordagens críticas que se ocupam de investigar e aprofundar interpretativamente o diálogo entre a literatura e a arte cinematográifica.
As Origens
O contato entre a literatura e as demais artes ou disciplinas não é novo. Sua origem remonta à Antigüidade quando os limites entre música, história, pintura e poesia, por exemplo, não constituíam tema para reflexão pelo simples motivo de que eram vistas como parte de um processo natural de expressividade. Entretanto, com o passar dos séculos, o homem se viu cada vez mais impelido a explorar individualmente cada área das artes e das ciências. Essa tendência deveu-se à segmentação do saber, que culminou com a criação das disciplinas como as conhecemos desde o século XIX.
No campo artístico, a exemplo do campo científico, surgiram escolas de música, de pintura, de literatura, de teatro, etc. A partir daí, muitas artes constituíram-se como disciplinas dedicadas ao estudo de suas próprias bases teóricas e práticas, com metodologias de ensino e aperfeiçoamento de técnicas.
Atualmente, dispomos de um arcabouço teórico específico para cada área, embora, nas manifestações artísticas propriamente ditas, o diálogo entre elas persista, incluindo, além de disciplinas do porte da História e da filosofia, todo o acervo de novas formas de expressão como a pintura, fotografia e o cinema entre outros. A ênfase na crítica sobre os vínculos entre cinema e literatura deve-se ao fato de que desde os primeiros filmes até os dias atuais, embora já não exclusivamente, os filmes tomam por base obras literárias para adaptação.
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