Cinema e literatura
Embora distintas e específicas, a Literatura e o Cinema são artes que se relacionam. Tanto uma quanto a outra são manifestações artísticas associadas à idéia de estética e têm, portanto, a finalidade de produzir e acionar sentidos na mente de seu leitor/espectador. Na literatura, as relações de sentido e, consequentemente, a produção de imagens são motivadas pelas palavras; no cinema esse fenômeno é inverso, uma vez que são as imagens que motivam a decodificação de palavras. Nesse viés, essas duas artes, aliadas, proporcionam a seu público uma reflexão acerca da vida, “uma realidade longe da qual vivemos, da qual nos afastamos cada vez mais, à medida que adquire mais espessura e impermeabilidade, o conhecimento convencional que nós substituímos.” (PROUST, 1910-1922).
Sob esse ponto de vista e, considerando as relações de proximidade entre as referidas manifestações artísticas, serão analisados os longa-metragens “O livro de cabeceira” (1996), direção de Peter Greenaway; “ A eternidade e um dia” (1998), direção de Théo Angelopoulos; “ O tigre e a neve” (2005), direção de Roberto Benigni e “Abraços Partidos” (2009), direção de Pedro Almodóvar.
Contextualizando os longa-metragens
A eternidade e um dia
Filmado e produzido na Grécia – berço da literatura – no ano de 1998 pelo diretor Théo Angelopoulos, o longa metragem “A eternidade e um dia”, apresenta-nos a história de Alexander, um poeta que, após passar anos exilado na Itália, retorna à Athenas, sua terra natal. Frustrado pela não concretização