Cidadania no brasil

3979 palavras 16 páginas
“Eu dei o meu filho em adoção” Por Fernanda Cirenza
Ilustração: Elizabeth Tognato

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Elas entregaram os filhos em adoção e tiveram suas vidas marcadas pelo estigma da mãe que abandona. A seguir, duas mães biológicas contam os fantasmas que vivenciam desde o dia da separação e uma psicóloga tenta explicar os motivos da decisão. Além disso, um homem relata sua experiência de crescer ao lado da família que o acolheu.

É difícil não julgar a mãe que entrega o filho em adoção. Condenada ao silêncio, essa mulher vive isolada dos reflexos de seu ato de violência. 'É uma situação de luto, de perda de amor-próprio e do sentido da vida', diz a psicóloga Maria Antonieta Pisano Motta, que produziu uma inédita pesquisa sobre os motivos que levam uma mulher a seguir adiante com uma gravidez, mas abdica da experiência de ser mãe.

A surpresa do estudo, que envolveu dez mulheres em situação de pré e pós-parto acolhidas por uma instituição de São Paulo, é que a alegação de falta de condições financeiras caiu por terra. Essa justificativa seria uma espécie de escudo para amenizar a dor da separação. 'A limitação financeira existe, mas o principal motivo é a falta de patrimônio emocional para assumir a maternidade', diz a psicóloga. 'Elas não tiveram a segurança necessária para se tornarem mães. Muitas não contaram, durante a gravidez, com o apoio da família e principalmente do pai da criança para seguir com seu filho. São capazes de gerar, mas incapazes de serem mães.

Autora de um livro de título perturbador -'Mães Abandonadas: a entrega de um filho em adoção' (Ed. Cortez)-, Maria Antonieta lança um novo olhar sobre essas mulheres e resume: 'São abandonadas porque as colocamos à margem até de nossas considerações pessoais. Quando se fala em adoção, pensamos nas angústias da criança e dos adotantes, mas nunca das inquietudes da mãe biológica'.

Marie Claire conversou com duas mulheres que abriram mão de seus

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