Ciclo de vidas das empresas
Director de MBA da Universidade Nova de Lisboa
Se todo o mundo, incluindo o das organizações, é composto de mudança, gerir a direcção da mudança é uma das tarefas que mais dificuldades costuma levantar aos gestores. A mudança é frequentemente pensada a partir de duas perspectivas:
- A mudança guiada pelo topo, que nem sempre é concretizada por falta de adesão da base.
- A mudança ecológica, que diz que o mundo lá fora continua a mudar, o que significa que a posição relativa da organização vai ela própria mudando.
Ou seja, a mudança é inevitável, embora nem sempre no timing ou na forma que mais interessa à organização.
Este texto projecta um outro olhar sobre a natureza da mudança organizacional, desta vez na perspectiva do ciclo de vida. A ideia é simples e apelativa: a evolução das organizações assemelha-se à dos seres vivos. Isto é, também as organizações percorrem um ciclo de vida. É verdade que as organizações não têm os condicionantes biológicos dos seres vivos, pelo que podem romper o "destino" de um ciclo de vida, mas a maior parte das organizações pode usar a ideia do ciclo de vida para compreender a sua própria mudança a prazo. A evolução associada ao ciclo de vida compreende a passagem por um conjunto de fases "normais": infância, adolescência, maturidade, declínio e morte.
Infância.A primeira fase da vida organizacional tende a ser excitante mas cruel. Nos casos típicos de start-up do tipo empreendedor, aos fundadores sobra em entusiasmo aquilo que falta em recursos e em legitimidade institucional. Ou seja, a motivação dos fundadores é transbordante, mas faltam os contactos, a reputação e a capacidade de negociação. A organização, de pequena dimensão, é tipicamente gerida de modo informal e a falta de organização é equilibrada pela disponibilidade e pelo voluntarismo. Trata-se de um período difícil, no qual uma parte muito significativa das organizações sucumbe às dificuldades.