Chave Antropologica
Não é nossa intenção voltar a discutir o porquê de nossa opção pela chave antropológica para interpretar a cristologia de Paulo. Cremos que o leitor tem em tudo aquilo que precede elementos mais que suficientes para julgar. Afinal de contas, a prova mais fidedigna de uma “chave” é justamente o que ela abre.
Em outras palavras, sua capacidade de explicar não o fácil, mas o difícil. E assim é — quem o poderia negar?
—
o pensamento de Paulo.
Não somos insensíveis a muitos argumentos sérios de K. Stendahl sobre uma chave que procederia do interesse que Paulo tem em fundamentar sua missão. Quer dizer, em justificar que ele admitia como membros de pleno direito na comunidade cristã os pagãos convertidos, sem exigir deles outra coisa que não fosse a fé. Negamo-nos, entretanto, a tirar as conclusões extremas que essa hipótese pretende tirar: que a análise existencial em Paulo seja só o resultado dessa pretensa “praga ocidental”, a tendência à introspecção.
A introspecção não é algo que se tenha aplicado a
Paulo de fora. Está, inequivocamente, presente nele.
Não há por que negar que tenha sido inspirado, em grande parte, por sua intenção missionária. Mas não se deve esquecer que o direito dos pagãos convertidos a formar parte da comunidade cristã não era uma mera questão de “direito”. Supõe toda uma cristologia e não pode ser estabelecida sem ela. Em outras palavras: persiste o problema de saber com que chave Paulo interpretou o significado de Jesus de Nazaré, tenha ou não tenha sido propósito final seu defender o caminho dos pagãos ao cristianismo.
O que neste anexo nos interessa, porque tem íntima relação com uma cristologia criadora, é estudar, brevemente, um duplo problema: o das limitações e o da oportunidade de uma chave antropológica para fazer cristologia (seja em geral, seja dentro de um contexto particular — como o latino-americano). O primeiro aspecto do problema implica uma comparação com a