caso 67 de um autor desconhecido
Estava acompanhado da esposa e da filha. A esposa estava um pouco alheia ao problema. A filha era enfermeira. Já estava desconfiada de que ele tinha algum problema sério.
De fato, até provasse contrario, ele estava com câncer na laringe. Examinei ouvido nariz e garganta e não havia alteração. Solicitei uma videolaringoscopia para avaliar a laringe. Quando a familia saiu para pegar autorização a filha ficou na sala e me perguntou de forma apreensiva. - Dr. o senhor acha que pode ser um CA?
Ele tem alguns fatores de risco para isso. Ele é tabagista inveterado e associado a idade e tempo de tabagismo. Até prove contrario isso é um tumor mesmo. Claro que pode não ser e vamos torcer para isso, mas é uma possibilidade muito provável. Ela chorou e me mediu:
- Dr. não fale isso a ele, por favor. Ele não resistirá. Ele odeia médico, se o senhor falar isso ele nunca mais volta.
- Veja, hoje eu não vou dizer que ele tem câncer pq mesmo que eu veja o tumor é necessário confirmação com a biopsia. Porém se tiver algum tumor de fato vou precisar falar a ele pois será necessário realizar a biopsia. A filha chorou contrariada pois queria que eu omitisse o problema e eu nunca omito. Sempre falo a verdade ao paciente por pior que ela seja.
Realizei o exame e conforme esperado tinha um tumor na laringe muito sugestivo de câncer. A filha assistiu o exame. Vendo a lesão ela me olhava querendo me dizer com o olhar para não contar