Casa grande e senzala
Contexto
Nos primeiros anos do século XX, quando novas correntes artísticas começaram a circular pela Europa, a maior parte do mundo ocidental encontrava-se em meio a transformações sociais, políticas, econômicas, tecnológicas e culturais que alteraram radicalmente a forma de viver e de sentir o mundo do homem moderno. Invenções revolucionárias como o rádio, o telefone, o automóvel e o cinema passaram a fazer parte do cotidiano das grandes cidades, cada vez mais urbanizadas. A industrialização modificara a economia das potências, e os lucros acumulados pela produção em larga escala de artigos manufaturados garantiam às classes dominantes tamanha sensação de conforto, segurança e otimismo em relação ao futuro, que o período ficou conhecido como belle époque. Foi uma época de efervescência artística, principalmente em Paris, que abrigava artistas vindos de toda a parte, atraídos pelo dinamismo cultural e pelo ritmo eletrizante da vida social, especialmente a noturna, dos cafés, bares e cabarés.
Mas se para alguns grupos sociais o período era de euforia, para as classes trabalhadoras, que ficavam à margem dos benefícios da belle époque, o tempo era de lutas por melhores condições de vida. As idéias socialistas e anarquistas passam a ser defendidas pelos operários, que organizam-se em associações e fazem greves por condições de trabalho mais dignas. No plano internacional, as potências européias disputam colônias produtoras de matérias-primas e consumidoras de produtos industrializados, que por sua vez procuram tornar-se independentes; esse e outros fatores econômicos e políticos, como o nacionalismo exacerbado de alguns países, terminam por levar à eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
No final de guerra, em 1918, os países europeus, principalmente a Alemanha e a Itália, atravessam crises econômicas e sociais - sem falar na imensa crise espiritual que se abate sobre os sobreviventes do grande conflito, marcado pela